quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Para o meu pai, sou SÓ uma desilusão

Hoje falei com o meu pai. Fiz tal e qual como tinha falado com a minha professora, cheguei, respirei fundo, olhei para ele e disse-lhe: "- Pai, tenho de falar contigo. Quero contar-te uma coisa."
Como eu tantas vezes insisti, lá veio o grito, o sopro de saturação e aquele olhar que me faz de imediato querer recuar no tempo e não ter decidido tentar, ter optado por ficar calado.

Mesmo assim enchi-me de coragem e já tinha mesmo começado, resolvi continuar: "- Desde há uns meses que, por alguns motivos, não me sinto bem... Não sei bem como explicar..."
E de imediato outro sopro, outro grito e a impaciência que me assombra. Interrrompeu-me e disse-me: "- Já chega de desculpas e vitimizações para as notas que tens tido. A preguiça justifica-se por si só e não venhas com existencialismos."
 
Senti as lágrimas a tremerem e a quererem vir espreitar e toda eu fiquei tenso e de rastos. Como eu tinha dito à DT não vale mesmo a pena, ele nunca vai querer ouvir e perceber o que se passa, na verdade eu sou só uma desilusão.
Mais uma vez, calei-me, interrompi a respiração para não permitir que as lágrimas saíssem e fui para o quarto.
 
Ainda o ouvi entre dentes refilar e dizer: "- se estudasses não precisavas de desculpas..."

E não estudei. Chorei e confirmei(-lhe) que não vale mesmo a pena, ele não iria mesmo entender. 
Sou só uma desilusão.

Rita Castanheira Alves

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