Há dias mais difíceis. Porque além de ser pai, sou pessoa, tenho uma história que já podia encher as páginas de um livro cheio de peripécias, impasses, dificuldades, sou trabalhador e tenho tantos assuntos para resolver, emails por responder e querer todos os dias ser melhor, sou amante e quero mimar e ter tempo para dar beijinhos e continuar a namorar, poder lembrar-me do dia em que festejo o amor, sou amigo e ter tempo para os meus amigos. Sou pai e nem sempre o sei ser. Não há chips para pais, com a programação toda do que é preciso ser e fazer.
E por tudo isto e porque é um desafio a valer, ser pai é errar. É ter culpa porque tentei, porque não tive paciência ou porque é um dia não. É ter culpa porque hoje não li a história ou porque de manhã estava demasiado ensonado. Se não fosse pai, não podia errar com os filhos, não podia ter culpa.
É como quando se conduz. Só se conduzir é que corro o risco de bater ou o risco de bater e não acontecer nada de grave e ter viagens felizes, descontraídas, conhecer sítios incríveis e levar-me até lá e a quem posso levar comigo.
Se não conduzir, a culpa nunca será minha.
Se não conduzir, também nunca poderei levar-me a viajar e descobrir caminhos novos e felizes.
Rita Castanheira Alves
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