sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Porque é Carnaval... Ninguém leva a mal...

Porque é Carnaval deixa-me mascarar de super-herói, mãe...
Deixa-me experimentar o papel de princesa quando todos dizem que sou um princípe, deixa-me usar cabelos compridos de rapariga, pai.
Porque é Carnaval, pai, deixa-me pôr um bigode de rapaz e vestir as calças do mano.
Porque é Carnaval, vou pintar as unhas, vou ser uma bruxa ou um vampiro. Deixa-me vestir uma roupa que inventei, mas que é a melhor máscara do mundo. Porque é Carnaval, deixa-me pintar os olhos, pôr purpurinas no cabelo e usar aquelas luvas de renda, mãe.
Porque é Carnaval deixa-me vestir a pele de quem quiser, experimentar estar noutros sapatos e sentir o mundo noutras personagens. Deixa-me ensaiar e libertar-me porque é Carnaval.
Porque é Carnaval... Ninguém leva a mal...

Aproveite o Carnaval e a vontade dos seus filhos quererem vestir outras peles, para lhes permitir e facilitar o ensaio de outras identidades, outros papéis, outras situações, fundamental durante a infância e adolescência para a construção da(s) identidade(s).


Rita Castanheira Alves
 

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Birras. Preveni-las e exterminá-las. Dicas para PAIS.


Se é pai/mãe já ficou com os cabelos em pé com as birras do seu filho. E se não ficou, lamento, mas irá ficar. Há momentos em que parece já ter tentado tudo e nada resultar, outros em que simplesmente desiste e outros em que se sente determinado(a) a resolver de uma vez por todas a situação. Comece por prevenir. Depois, sempre que necessário intervenha. Em breve, as birras passarão à história. Virá outro desafio...

Prevenção
Mais vale prevenir do que remediar...

É essencial, diariamente e de forma consistente, trabalhar na prevenção das birras, ou seja, no “antes que aconteçam”:

§  Demonstrar respeito - estar disponível para a criança, escutar atentamente o que tem para dizer, dar respostas às perguntas da criança, adequadas à sua idade, dirigir-lhe ateno﷽﷽﷽﷽﷽﷽﷽﷽rigir-lhe atenergunta sempre adequando , para que tendam a diminuir e no da mesma. ade, afirmaçs.ção privilegiada, nivelar-se fisicamente com  ela, sorrir;

§  Elogiar, reforcar positivamente os comportamentos adequados - perante comportamentos adequados, dar elogios imediatamente a seguir aos comportamentos. Assim, permite-se à criança perceber o que se espera dela e o que tem consequências positivas;

§  Fomentar a auto-confiança da criança - criar o hábito de lhe pedir ajuda e colaboração em tarefas, transmitindo-lhe o agrado por ajudar, criando situações em que seja bem-sucedida e possa brilhar;

  • Ser consistente e coerente - Os pais devem estar em sintonia na aplicação das regras e limites e cumprir até ao fim o que estipularam. O casal parental deve apoiar-se mutuamente no momento de dar uma ordem ou ralhar com a criança, mesmo quando estão separados. Em caso de discórdia, deverão conversar sozinhos e não se desautorizarem à frente da criança;
§  Manter a calma, firmeza e confiança - Ao prevenir deve definir claramente, de forma objectiva e simples o que pretende. Deve ser afirmado e não questionado: “Tens de ir...” ou “Agora vais...”;

  • Antecipar – O tempo estipulado para actividades deve ser cumprido e a criança deve ser avisada do aproximar do fim das actividades; 
  • Comunicar pela positiva- Ao comunicar deve fazê-lo de forma clara e pela positiva, dizendo “quando...(ex: acabares de comer tudo), então depois (ex: podes ir brincar)” em vez de “se não fizeres... não podes”.

No entanto, apesar da prevenção poder de facto evitar algumas birras ou facilitar a gestão das mesmas e ser a melhor forma de lidar com as birras, inevitavelmente há algumas que não se previnem.
É importante perceber se é uma birra de resolução fácil, porque a criança está adoentada, impaciente, está aborrecida ou stressada ou teve um dia menos bom. Nestes casos, um abraço, uma brincadeira especial, uma massagem pode chegar para acalmar um dia difícil.

Intervenção
Quando prevenir não é suficiente...

No caso de birras  que testam os limites e as regras e são apenas reflexo do crescimento ou são verdadeiros pedidos de limites e regras, intervir sempre:

  • Manter a calma, respirar fundo e lembrar-se “Eu sou o adulto, isto faz parte e eu vou conseguir– tentar manter uma postura tranquila mas séria, que transmita confiança, não alterando o tom de voz em demasia, repetindo calmamente e no mesmo tom o que se pretende que a criança faça, mas tornando-o mais sério, não mais ansioso ou descontrolado.

  • Palavra-passe - combinar com a criança uma palavra que é usada para “expulsar” as birras, transmitindo-lhe convictamente, a ideia de que é possível combater a birra e evitá-la. Valorizá-la sempre que conseguir;
  • Dar uma solução – dizer em tom calmo, sério e repetido como poderá solucionar a birra e dar-lhe um tempo para isso:“ – Vamos respirar enquanto conto até 10 devagarinho. Quando chegar ao fim, vais conseguir mandar a birra embora e juntos vamos descobrir uma forma de resolver a situação que te aborreceu.
  • Não ser um disco riscado -  O debate entre os pais e a criança no momento de cumprir regras deve ser evitado e a criança deve ser avisada não mais de duas vezes antes dos pais lhe mostrarem o que pretendem. As ordens dadas devem ser possíveis de ser cumpridas. Evite cair na tentação de justificar em demasia cada regra que dá. Basta dizer “- Temos de ir para a mesa, vamos arrumar os brinquedos”;
  • Extinguir - tentar não dar importância a um protesto face ao que disse e manter o que foi dito;
  • Fazer birras cansa – embora também canse os pais, a verdade é que a criança há-de cansar-se com a sua própria birra. Dar tempo para isso, procurando manter o que foi dito e dando-lhe a solução pela positiva: “- Quando parares podemos falar”. “- Quando parares podemos juntos encontrar uma solução”; 
  • Não deixar que a birra leve ao resultado pretendido – procurar não reforçar a birra, ou seja, se a birra foi feita para obter alguma coisa, não dar a consequência pretendida com o intuito de parar a birra.
Se nada disto parece estar a resultar... Peça ajuda. A Psicóloga dos Miúdos pode colaborar consigo. 

Rita Castanheira Alves

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Os adolescentes também fazem birras?


Quem tem filhos adolescentes, sabe do que falo. As birras dos adolescentes, que às vezes têm parecenças com má-educação... 
Aquela forma feia de falar, gritar em vez de explicar, bater com a porta ou ficar amuado o jantar todo, porque no fim-de-semana não pode ir sair. 
Já não é um miúdo pequeno, mas ainda faz umas birras. Já não fica de castigo, sentado, a pensar na vida, mas há muito que ainda vale a pena fazer. Em vez de birras, podemos chamar-lhe má-educação? 

Saiba prevenir e remediar quando necessário com os adolescentes...
 Dicas específicas para pais com filhos adolescentes

-        Negoceie: escolha como primeira opção a negociação, encontrando um espaço para diálogo sobre o que o seu filho pretende e o que lhe parece a si adequado. Encontrem um consenso e estabeleçam horários, regras e condições para conseguir determinado objectivo;

-        Respeite: respeite o espaço e a privacidade do seu filho, só assim conseguirá o respeito pelas suas regras, limites e condições;

-        Conversem diariamente: promova momentos diários de conversa livre e sem qualquer juízo ou tom negativo, mostre interesse e curiosidade pelo que o seu filho gosta. Perante a possível recusa do seu filho, respeite o seu silêncio, mas mantenha-se disponível para conversar e não desista;

-        Adie a conversa: Sempre que tenha uma divergência com o seu filho e se estiverem demasiados nervosos, não têm tempo ou porque estão num local inadequado, tente sempre adiar a conversa combinando com o seu filho o momento adequado para o fazer;

-        Evite acusações: Ao abordar com o seu filho um problema ou conflito procure adequar a sua linguagem, inibindo ao máximo um discurso meramente acusatório de atribuição ao seu filho da responsabilidade total pelo problema, tentando encontrar uma abordagem que não o culpe somente a ele, mas assumindo a sua responsabilidade na manutenção do problema. Por exemplo, em vez de dizer: “ – És egoísta... Estou sempre a dizer-te para dividirmos as tarefas, mas tu só pensas em ti e fica todo o trabalho para mim!”, experimente dizer: “ – Tenho acabado por fazer eu todas as tarefas que tínhamos combinado dividir e por isso não tens necessidade de as fazer?”
-        Fale por si: Ao expor a sua perspectiva procure sempre falar na primeira pessoa, especificando o mais possível o problema e expressando a sua emoção face ao problema. Por exemplo: “- Quando chego a casa e percebo que não arrumaste os livros como tínhamos conseguido acordar, sinto-me desanimada.”;
-        Escute e empatize: Procure escutá-lo ativamente, sem o julgar, mostrando que está disposto a compreender os pontos de vista que o seu filho apresenta, as suas necessidades, objectivos e interesses, manifestando assim o que também espera da parte dele, que compreenda as suas necessidades e pontos de vista e que está aberto para chegar a um acordo, esperando o mesmo da parte dele;
-        Avaliem as soluções: Sempre que consigam chegar a um acordo e estabelecer soluções para os problemas, avaliem em conjunto se tais soluções são viáveis e se não criam novos problemas;
-        Planeiem: Após conclusões relativamente às soluções, é essencial que, em conjunto, estabeleçam um plano de como cada solução poderá ser implementada, estabelecendo as responsabilidades de cada um, quando deverão voltar a conversar para reavaliar a situação, quando começam a implementar cada solução.

Antes e depois de tudo isto, lembre-se de se divertir com o seu filho, sempre que possível. Num abraço, num jantar divertido ou numa gargalhada. Mesmo que pequena, vai valer a pena.  

Rita Castanheira Alves