Andamos na rua, e começa a
cheirar a Natal. Porque há luzinhas nas montras, árvores de Natal e bolas,
renas, gorros de pai natal. Começa a época das compras de presentes e os miúdos
a serem invadidos por anúncios apelativos de brinquedos nunca vistos e de jogos
há tanto desejados. Começa a corrida às compras, ao rechear a base da árvore de
Natal de prendas e o mais importante passa ao lado e daqui pouco já estamos em
2015.
Aproveite o Natal para mais
uma vez transmitir bons valores aos mais novos. Aqui ficam sete ingredientes
para um Natal positivo, pedagógico, divertido e de grande contributo para o
crescimento dos seus filhos.
1. Transmissão do verdadeiro significado do Natal – cada casa,
seu significado, acima de tudo saber cuidar
O Natal é uma época vivida
de formas distintas por cada família, havendo mesmo famílias que por questões
religiosas não festejam o Natal.
As que festejam têm para si
um significado particular do Natal, que depende da educação, da tradição
familiar, da existência e da prática ou não da religião.
Não há uma resposta certa
uma vez que não há apenas UM verdadeiro significado do Natal. É importante sim
que as crianças percebam o que é o Natal, de onde vem, o que simboliza e que
seja um conceito e uma época partilhada com a restante
família/amigos/cuidadores.
2. O consumismo do Natal – ajudar o seu filho a lidar com tanto
apelo publicitário
Esse é um trabalho diário,
de todos os momentos com a criança. Apesar da publicidade ser mais proeminente
durante a época natalícia, as crianças actualmente estão bastante expostas ao
grande apelo publicitário. Como tal, esse é um trabalho do todo o ano: mediar a
emissão da informação publicitária e a forma como a criança a recebe e o que
faz dela e fora da publicidade, ter todos os cuidados com a forma como a
criança trata os seus brinquedos, faz uso dos mesmos, aproveita um brinquedo,
desfruta do mesmo.
3. O Natal é solidário – aproveitar a época para desenvolver a
solidariedade
As acções de solidariedade,
de construção da sensibilidade para a existência do outro, das condições
diferentes em que outras crianças/pessoas vivem é sempre essencial para a
construção do altruísmo, do combate à indiferença, da justiça na personalidade.
Ao longo de todo o ano, os pais podem realizar acções envolvendo as suas
crianças, não tendo de ser apenas uma acção reservada à época do Natal. No
entanto, no Natal, aproveitando o facto de ser uma época de dar, porque não
fazerem uma arrumação ao quarto e escolher brinquedos e roupas para quem não os
tem, mas precisa?
4. A Carta ao Pai Natal –
escrever ou não escrever
A carta ao Pai Natal pode
ser um documento que fortalece a fantasia e o imaginário das crianças,
condições essenciais e importantes no seu desenvolvimento, como tal poderá ser
escrita.
Quando bem aproveitada, é
uma excelente ferramenta para explicar à criança um conjunto de valores e
ideias: a partilha, a necessidade de tomar decisões, a escolha, a frustração…
Os pais ao explorarem a carta da criança ao Pai Natal podem de uma forma
adaptada à fase de desenvolvimento da criança desenvolver estes valores com ela
e reflectir com ela sobre estas questões. Em simultâneo está a ser permitido à
criança que desenvolva o seu imaginário e fantasia, tão importantes para o seu
desenvolvimento, e ao mesmo tempo, que lhe comecem a ser incutidos valores
essenciais para a sua vida e para a realidade em que está a crescer.
Quanto à explicação das
crise financeira, como qualquer assunto da nossa realidade e que afecta o
dia-a-dia da criança, poderá ser abordado de forma simples e adaptada ao seu
nível de compreensão e de maturidade emocional e não é necessário esperar pelo
Natal para explicar. É importante que a criança seja atenta, curiosa mas não passar
uma extrema preocupação para ela, mostrar-lhe sim que os adultos cuidarão da
situação e que ela com a partilha, a compreensão, a poupança à sua maneira
poderá também estar a contribuir bastante, valorizando-a por isso.
5. A escolha dos presentes – sugestões adequadas a cada faixa
etária
Nos primeiros 6 meses,
pode-se optar por brinquedos que poderão ser coisas que temos em casa, afinal
tudo é novidade para a criança: tampas de tachos, molas da roupa, colheres de
pau, só é necessário ter cuidado com a escolha de objectos desinfectados e não
tóxicos. Nesta fase e porque começam a observar o que os rodeia, poderão ser
construídas bolas de pano, com várias cores, padrões e tamanhos para pôr no
berço, ao mesmo tempo que observam podem dar pontapés nas bolas e ver o seu
movimento e pode ser posto um espelho inquebrável para se irem vendo embora
ainda não se reconheçam. Pode pôr-se um papagaio de papel no carrinho, gostam
de ver o movimento do papagaio quando vem o vento. Nesta fase, o som também é
muito atractivo, podendo pôr-se no berço, no carrinho guizos com tamanhos,
materiais e cores diferentes.
O livro, inicialmente de
pano ou de um material maleável, depois em outros materiais deverá ser um
objecto que acompanha a criança desde sempre, mesmo no berço e é um óptima
ferramenta para interacção de pais e filhos, de desenvolvimento cognitivo, da
fantasia, da criatividade e uma fonte de aprendizagem.
Dos 6 aos 9 meses, canções,
rimas são muito adequadas a esta fase, para os bebés que já gatinham bolas de
plástico para irem atrás delas. No banho, funis, batedor de ovos manual, copos,
poderão ser extremamente divertidos e úteis para o seu desenvolvimento.
Entre os 12 e os 18 meses
poderão ser escolhidos brinquedos que proporcionem o encaixar, o abrir, o fechar,
blocos de borracha para arrumar e desarrumar. Os brinquedos com botões que dão
luz, som, mexem-se são também indicados para esta fase. Quando começar a andar,
brinquedos ligados à locomoção: cadeirinha de passeio, andarilho, carrinho de
plástico, jogos com obstáculos para vencer. São também importantes nesta fase,
os brinquedos onde podem bater, como o tambor ou o xilofone, para que
desenvolvam a coordenação muscular grossa.
A partir dos 18 meses até
aos 24 meses, para estimular o desenvolvimento cognitivo poderá optar-se por
brinquedos/jogos como puzzles, contas grossas de madeira para enfiar numa
corda, caixas para colocar tampas. É uma boa fase para desenvolver o jogo
simbólico, telefones, fantoches, bonecos ou carros são excelentes brinquedos
para o jogo simbólico e criatividade. Fora de casa, andar de triciclo, baloiço
ou escorrega.
Aos 3 anos e 4 anos,
privilegia-se os brinquedos que promovam a criatividade, o jogo simbólico, o
desenvolvimento cognitivo e a curiosidade.
Aos 5 anos, poderão ser
introduzidos brinquedos, jogos que possam contribuir para a preparação para a
escolar: o quadro para escrever, os desenhos para pintar, os desafios
cognitivos, os jogos.
Em qualquer idade e
especialmente nos mais velhos, é essencial que a criança possa exprimir os seus
gostos e interesses, lhe seja permitido o conhecimento de diversos brinquedos e
jogos. Construir brinquedos com a criança poderá também ser uma boa escolha.
Além do livro ser
transversal a qualquer faixa etária, a arte e a música também são essenciais e
bons motores de desenvolvimento em qualquer fase: peças de teatro, exposições,
concertos adaptadas a cada faixa etária são excelentes presentes para os mais
novos. Afinal, são presentes a dobrar, porque oferecem a possibilidade de
interagir com os adultos significativos.
6. Avós e tios oferecem tudo – regras e condições das prendas
Poderá ser útil,
nomeadamente aos avós e tios que por vezes consultam os pais quanto ao que
poderão oferecer, transmitir-lhe que valores estão a ser trabalhados com a criança,
a importância de que ela consiga perceber que nem sempre é possível ter tudo e
que é importante cuidar e apreciar o que temos.
De qualquer modo, e se se
optar por não transmitir alguns cuidados aos elementos mais próximos da
família, o importante é que esteja a ser desenvolvido com a criança valores
como a partilha, o desfrutar dos brinquedos que tem, a escolha, o não ser
possível ter tudo, construindo assim com ela a tolerância à frustração e o
saber cuidar dos brinquedos que tem.
7. Mas afinal o Pai Natal existe? – a pergunta e a resposta
Enquanto
a criança não questiona, os pais poderão respeitar a sua fantasia e a
construção desse conceito que é o Pai Natal e até como referi anteriormente
usá-lo para desenvolver um conjunto de valores na criança.
Quando a
criança questiona possivelmente chegou o momento em que já percebeu que o Pai
Natal não é real, é uma fantasia e poderá ser explicado isso mesmo, ou seja,
mesmo crescendo e sabendo que o Pai Natal não é mesmo real, ele pode continuar
a ser uma fantasia, uma personagem imaginada que aquece o Natal e o torna uma
época mágica e de alegria.
É
essencial os pais estarem atentos às perguntas das crianças, perceberem o que a
criança está a sentir e pretende com cada uma das suas perguntas e conseguirem
dar respostas para a tranquilizar e esclarecer.
Feliz Natal!
Rita Castanheira Alves
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