quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O regresso à escola já regressou: as primeiras semanas de aulas

E depois de “prepararem a preparação” do regresso à escola, o “regresso regressou” mesmo. Há que ajudar o seu filho nesta nova fase.

É natural que possa notar o seu filho mais agitado, ansioso, irritado ou excitado nestas primeiras semanas de aulas. De repente, passou de 3 meses sem responsabilidades, sem objectivos académicos, sem rotinas a não ser ir à praia e brincar, para livros, mochila, fazer amigos, estar com atenção, deitar cedo, levantar muito cedo, regressar a um horário cheio e uma semana com tarefas para cumprir, na escola e em casa.

Com o tempo, ele chega lá. Vá… E os pais também.

Deixo mais umas dicas que, tenho reparado, ajudam os miúdos e as famílias que me procuram a “regressar ao regresso” à escola.

1.     Dar confiança e compreender: ir para uma nova escola, com novos colegas, ou voltar a ver os colegas com quem não se está há 3 meses, não saber que professores nos calharão, como correrá o ano, poderão ser motivos suficientes para que o seu filho se sinta tenso, ansioso e preocupado. É importante compreender, acompanhar e entrar em sintonia com ele, mostrando-lhe que é natural sentir-se assim e ter esse tipo de pensamentos. Não desvalorize, mas também não dramatize. Acompanhe, dê segurança e compreenda: “- Percebo o que sentes, é natural estares com muitas interrogações na tua cabeça. O tempo vai trazer-nos as respostas.”

2.     A lista das dúvidas e preocupações: após o primeiro dia de aulas (ou até antes), podem conversar sobre as preocupações e dúvidas que o seu filho pode ter, especialmente se for para uma nova escola, ano de mudança de ciclo e não vá com muitos colegas. Para facilitar esta tarefa, podem agarrar numa folha grande e escrever todas as preocupações e interrogações que imaginam que os alunos podem ter no regresso à escola. Esta tarefa vai facilitar bastante a capacidade do seu filho reflectir sobre aquilo que o preocupa e conseguir falar sobre isso. De seguida, poderá convidar o seu filho, dentro dessas preocupações, quais são as dele. Será uma lista que servirá de guia para que possa ir ajudando o seu filho a conversar sobre a escola e verificar se está tudo a correr bem.

3.     Instalar rotinas e hábitos: como sugeri no artigo sobre a “preparação da preparação”, é importante já ter instalado novos horários mesmo antes da escola começar, mas se não foi possível, agora é tempo. Nos primeiros dias, é natural que ouça à hora de ir para a cama: “- Não tenho sono, ainda é cedo”. No entanto, é bom reinstalar o hábito de ir para a cama à hora marcada, mesmo que possa demorar um pouco mais a adormecer e haja uma história ou conversa mais longa. Paralelamente, instalar hábitos e horários para a realização dos trabalhos-de-casa é essencial desde os primeiros dias, para que consigam um ano bem organizado, com tempo para brincar e descansar, tarefas essenciais para o sucesso académico.

4.     Ajudá-lo a arrumar as aprendizagens do dia e ensiná-lo a fazer revisões mentais: diariamente ajudá-lo a recordar-se do dia, conversando sobre o melhor do dia, o que não foi tão bom, o que mais gostou, o que aprendeu, o que se lembra melhor do que aprendeu. Para filhos que não aprofundam o tema, fica uma ajuda extra: http://observador.pt/2014/08/30/25-formas-de-perguntar-como-correu-escola/
Estas conversas vão ajudar o seu filho a organizar o raciocínio, saber o que assimilou melhor e o que não ficou compreendido, aprofundar as experiências do dia-a-dia e são excelentes oportunidades para o ir acompanhando nas várias vertentes do seu dia na escola, não só a aprendizagem dos conteúdos programáticos, mas também a vertente social e emocional.

5.     Fazer COM ele, não fazer por ele: desde início, especialmente com as crianças mais pequenas, acompanhá-las na execução dos trabalhos-de-ca-sa, no sentido de promover a sua autonomia e responsabilidade e não caíndo na tentação de fazer por elas, mesmo quando já estão muito cansados ou são trabalhos-de-casa intermináveis. É preferível não fazer todos e explicar ao/à professor(a) do que fazer por ele. Criará um problema que se instala e depois é de difícil resolução, além de que está a contribuir para que o seu filho construa a ideia de que não é capaz.

6.     Elogiar desde o primeiro momento: desde o primeiro dia de aulas, encontrar motivos para o elogiar. Certamente encontrará pelo menos um motivo para o fazer (porque não perdeu todo o material, porque consegue carregar com a mala, porque escreveu e sabe os trabalhos-de-casa… Seja curioso e atento, de certeza que vai encontrar motivos). Assim, desenvolve a auto-confiança e a motivação do seu filho para a escola e para o sucesso.

7.     Seja presente e conheça: conheça os pais dos colegas, conheça os professores, conheça quem está com o seu filho todo o dia. É importante que os pais criem uma rede de apoio entre si e que saiba com quem o seu filho está acompanhado todos os dias da semana. Esteja disponível para colaborar com o que lhe for possível, a escola agradece e o seu filho ainda mais.

E estas 7 medidas dão já para um bom plano para “regressar ao regresso” à escola. Resta-me desejar boa sorte, bom trabalho e um excelente ano!

Qualquer dificuldade, questão, problema, a Psicóloga dos Miúdos pode ajudar. Não hesite em escrever-lhe ou marcar consulta. 

Rita Castanheira Alves

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